O EGO
O ego ou personalidade, conceito que se
relaciona com a forma / corpo físico nunca pode ser identificado com o Eu. Este Eu é também chamado de espírito, centelha divina, o Cristo interno,
a Luz, o Pai em nós, essência divina, etc. Nunca podemos confundir o ego
ilusório com o Eu verdadeiro e achar
que os dois são a mesma coisa, mas é justamente este o maior engano que a
humanidade comete há milênios. Você tem um ego, mas você não é o ego. Por isso não o chame de “seu”.
O ego é condicionado por tempo e espaço, quer ver resultados palpáveis, é
impaciente, interesseiro, julga e condena a todo instante e só age em proveito
próprio. É regido pela dualidade, pela comparação constante, sem nunca
conseguir ser equilibrado e se sentir na unidade. O Eu, por ser eterno e infinito, não depende do tempo e do espaço e
só se interessa pelo trabalho em si. O Eu
trabalha intensamente e renuncia, a cada passo, aos frutos do seu trabalho,
atribuindo tudo ao Pai Maior e agindo na corrente do Amor. Só nos esvaziando
completamente do ego ao não falar, pensar, fazer e nem querer nada, zerando
qualquer atividade do ego, colocamo-nos na posição de sermos invadidos pela
consciência cósmica, de agir pelo puro amor desinteressado e desligado do mundo
material, sua dualidade, seus falsos apelos. Este é um ser 100% consciente e um
ser 0% pensante. O ego humano não é aniquilado pelo Eu cósmico, mas é integrado
nele. A consciência maior resolve todos os dolorosos problemas da existência
humana.
O ego tem uma função específica na nossa
vida. Ele é a parte da mente que deve cuidar da preservação do corpo físico, é
o instinto animal de autopreservação. O ego faz parte
do corpo terreno e por isso só consegue entender o mundo através dos cinco
sentidos físicos e através da mente racional e dual. O ego atua através do
pensamento. Tudo isso pertence à grande ilusão que é a vida material, na 3ª
dimensão. Ele é incapaz de entender a intuição e conceber a existência da alma
e do espírito. Tudo que ele não puder comprovar pela visão, audição, tato,
olfato ou paladar não existe para ele. Por sua função primordial ele tem medo
de tudo que possa ameaçar a integridade do seu corpo. Ao
mesmo tempo que cria técnicas e inventos para protegê-lo, vive temendo
que eles não sejam suficientes. A dúvida e a tendência
de dar mais valor ao perigo do que à segurança se deve ao fato dele não poder
se apegar à fé e à proteção espiritual, que são coisas não palpáveis. Por isso
no caso de doença ele também só vai procurar se curar através de métodos que
possam ser comprovados fisicamente, como faz a Medicina tradicional.
Pior é quando o ego extrapola sua função
e começa a mandar na sua vida como se fosse o seu Eu. Aí ele passa não só a cuidar da proteção do corpo, mas a querer
lhe dar prazer. A comida, o sexo, o luxo e o conforto passam a ser as coisas
mais importantes na vida e justificam todos os meios, morais ou imorais. O
egoísmo toma conta e a ganância pelo poder e controle dos ditos “inimigos” cria
uma neurose que pode passar de todos os limites aceitáveis, além de gostar de
ser o centro das atenções. Narcisismo é um tipo de egoísmo, assim como o
orgulho. Matar, prejudicar, roubar e enganar a todos e destruir a natureza e os
opositores são métodos válidos para alimentar o ego, que tem mania de grandeza,
que quer se sentir um deus controlador de tudo, sem respeitar nada nem ninguém.
Ele vira um monstro, que representa um perigo para a humanidade e nenhum
conceito abstrato como castigo divino ou pagamento de karma
são capazes de refreá-lo.
O ego, com sua visão e interpretação
dual, foi o componente sujeito a falhas implantado no corpo físico para que
permanecêssemos este tempo todo perdido em ilusões nesta jornada evolutiva aqui
na Terra e em outros planetas deste universo dual. Todo lapso de consciência ia nos livrando da inconsciência até chegarmos no estágio
atual, prontos para dar o salto quântico para a nova dimensão.
O ego se alimenta de medos e desejos (de
ter – os apegos – e de não ter – as aversões). O ego está sempre buscando sem
cessar algo ou alguém para se sentir completo e quem busca vive na dualidade.
Isso explica porque ele se preocupa excessivamente com o futuro, mas com
eternas dúvidas sobre se ele será bom ou ruim. Aí sofre por antecipação. Por
outro lado realça os fatos do passado que magoaram, traumatizaram ou geraram
algum tipo de dor. O presente é apenas um meio para alcançar o futuro.
Raramente o ego vive o presente.
Identificar-se com aquilo que possui é
deixar o ego dominar. Nada lhe pertence e por isso não vale a
pena sofrer por aquilo (pela perda ou pelo medo da perda). No dia que você
desapegar de “seus” bens, quando deixar de temer que possa perder alguma coisa
valiosa ou qualquer bem que você possua, provavelmente estará criando a maior
proteção contra o roubo ou furto de seus bens. O apego e a idéia de posse é a
maior característica do ego. Ele deseja mostrar tudo que tem e se identificar
com isso, seja bens materiais, cargos e títulos ou poder político e econômico.
Tudo isso não nos pertence, mas são concessões ou empréstimos de Deus para essa
curta vida. Se apegar a algo ou alguém que vai embora, querendo ou não, é se
iludir e perder o foco da verdadeira vida, da essência imortal que detém o
único bem duradouro do universo: o Amor.
Para o ego o apelo de querer (desejo) é
mais forte do que o de ter (posse), o que leva ao consumismo ou à ânsia de
controle e poder. Acontece que a satisfação ao obter o que deseja é temporária
e nunca permanente. A razão disso é que não tem como controlar fatores
externos.
Para sustentar a idéia de separação, de
exclusividade e superioridade o ego precisa de algo como “o outro”, o opositor,
o inimigo. Lutar “contra” alguém (pessoa, entidade, país, conceito) é o
alimento para se sentir superior.
A identificação com o corpo é uma das
características mais comuns do ego. O apego à beleza e ao gênero (masculino ou
feminino) estimula a vaidade e a idéia de pertencer a um grupo que lhe agrade.
A identificação negativa, com um corpo deficiente e feio, também existe. Se o
próprio corpo ou suas qualidades não são boas o
suficiente para se destacar o egoísta procura se associar com pessoas
(artistas, políticos, esportistas) ou grupos (times de futebol, clubes,
partidos, seitas, instituições, empresas, países, etc.) de sucesso para se
sentir identificado com a força, a fama e o poder.
Se o ego não pisa nos
outros ou tira vantagem ele assume o lado contrário e se faz de vítima. São
dois aspectos da dualidade que o ego conhece bem.
Um dos grandes enganos que cometemos ao
confundir nosso Eu (que é divino e
integrado ao Todo, ao corpo universal do ABBA = Pai-Mãe) com o ego (limitado ao
corpo físico pensante) é quando queremos ser donos ou
autores intelectuais de uma idéia. Quando alguém tem a mesma idéia que nós,
disputamos quem teve a idéia primeiro ou quem copiou
de quem. Isso é puro ego, pois nenhuma idéia vem de nós, indivíduos. Tudo que
existe foi criado pelo Pai e nós, seres inconscientes aqui encarnados num corpo
físico limitado, voltamos a acessar este conhecimento. Por outro lado a gente
se frustra ao descobrir, através de um livro ou palestra de alguém, que outra
pessoa teve uma idéia ou entendeu um conceito de forma genial e nós não fomos
capazes de fazer o mesmo e achamos que dificilmente conseguiríamos fazê-lo no
futuro. Aí está o grande erro. É o ego nos diminuindo, assumindo um complexo de
inferioridade. A verdade é completamente diferente. Se eu só compreendi uma
coisa muito importante para a vida através de outro alguém eu devo entender que
fui eu que descobri aquele conceito. Como assim? É simples. Eu, Antonio,
não existo como individualidade, com corpo e nome definido. Eu sou parte de um
todo. Então se outra pessoa, Jorge, compreendeu algo genial e escreveu um livro
sobe isso, posso dizer que fui eu que fiz isso ou uma parte de mim. O “eu” a
que me refiro não sou eu, Antonio, mas “eu”, que sou parte do grande corpo do
Pai-Mãe e se um irmão terreno meu fez esta descoberta é porque esta era sua
função nesta grande jornada que é a vida na dualidade. A minha parte, visível
neste corpo aqui, não tinha tempo e disponibilidade para acessar este
conhecimento, mas a outra parte tinha. Então, se ele entendeu e divulgou isso
eu posso dizer que fui eu que fiz, em vez de disputar a autoria ou invejá-lo.
Ele divulgou para que eu pudesse acessar aquilo que meu espírito e o corpo
universal já sabem. Mas isso só terá validade se eu entender e praticar aquilo
que o Jorge entendeu. Ele fez o papel dele e me ajudou dando um toque. O resto
é comigo. A compreensão só se torna consciência depois que eu praticar a teoria
sem ter dúvidas. Por isso esta explicação não é desculpa para ficar parado e
achar que o conhecimento vai vir até mim sem esforço. Se eu não tiver o impulso
próprio de buscar a Verdade, de ter curiosidade e espírito investigativo eu
também não vou acessar verdade nenhuma, nem através dos outros. Estarei cego
para tudo que estiver a um palmo do meu nariz. Isto é
comodismo e conformismo, que me faz parar minha evolução. O caminho da
iluminação é individual, mas as outras pessoas, ou partes do Pai ou irmãos cósmicos
são nossos auxiliares por serem nossas extensões e extensões do corpo do Pai.
Todos estão interligados eternamente.
A mente tem a necessidade constante de
pensar. Estamos viciados em pensar. Acreditamos que deixaríamos de existir se
parássemos de pensar. Puro controle do ego. Cada pensamento tem a pretensão de
ser extremamente importante, quando é justamente o contrário. Como a mente tem
um imenso desejo de saber, de compreender e controlar, ela confunde opiniões e
pontos de vista com a verdade. Eles não passam de um punhado de pensamentos,
mas a realidade é outra coisa. Ela é um todo unificado em que todas as coisas
se interligam e nada existe isolado. Pensar fragmenta a realidade em pequenos
pedaços, em conceitos limitados. A mente pensante, que é uma ferramenta útil e
poderosa, torna-se muito limitadora quando invade completamente a sua vida,
impedindo você de perceber que a mente é apenas um pequeno aspecto da
consciência que você é. Os únicos limites da vida são aqueles que a mente
acredita ter. O ego se cria e recria continuamente. Dando vazão aos pensamentos
você passa a confundir seu Eu com o
“seu” ego. Esse é o erro que a maioria da humanidade comete. O ego é o “eu” autocentrado, focado somente em si mesmo. Viver focado no
momento presente é a chave da libertação do ego, pois ele vive mais no passado
e no futuro. Mas você não poderá percebê-lo enquanto você for a mente.
A típica atitude de dualidade da mente é
o alimento do ego, e nada o fortalece mais do que se sentir superior aos
outros, de estar certo e o resto do mundo errado, ou ter mais poder. Nesta
posição ele se sente à vontade para criticar e diminuir os outros. Ver defeitos
nos outros, até mesmo o ego deles, é deixar o nosso ego agir livremente para se
sentir superior.
A força motivadora do ego é sempre a da
necessidade constante de aparecer, ser especial, estar no controle, ter poder,
ganhar atenção e de ter um ou mais opositores ou inimigos para destacar a sua
posição. Ele sempre quer algo das pessoas ou situações e as usa para conseguir
o que deseja, isto é, vai sempre querer tirar vantagem de algo ou alguém. Este
é o típico egoísta. A emoção mais freqüente que surge desta atitude é o medo,
porque nada é permanente e o egoísta sempre terá medo de perder o controle, de
não ser reconhecido, de não ter sucesso, de morrer, etc. Depois que
compreendemos e aceitamos que as estruturas (formas) são efêmeras, ilusórias e
passageiras e que nós não somos o que vemos e sentimos, a paz surge dentro de
nós. Reconhecermos o que é falso faz surgir a verdade.
O silêncio é a agonia do ego. O ambiente
vital do ego é ruído, seja material, mental ou emocional. O ego não vive sem
ruídos e barulhos de toda espécie. Quando lhe falta o elemento vital o ego
sente como se lhe faltasse o ar, o alimento e, não conseguindo se adaptar ao
silêncio, acaba morrendo de asfixia ou inanição.
Todas as sociedades do passado e até de
hoje são estruturadas de acordo com os desejos do ego, estabelecendo papéis e
padrões de comportamento para as pessoas de acordo com os cargos, profissões,
classes sociais e ambientes em que vivem. Quanto mais rígidas forem as regras,
menos a pessoa tem margem para ser ela mesma, passando a vida inteira
interpretando um papel (máscara) que os outros querem que ela assuma. Qualquer
deslize é motivo para o julgamento e a condenação. O medo faz essa estrutura
funcionar, mas ela nunca será permanente, pois é baseada em falsidade. Só a
inconsciência permite este modelo de sociedade continuar funcionando. Estar
identificado com o seu papel sem contestar (sem pensar) é permitir-se ser um
robô, sem vontade própria.
O egoísta tem medo da morte porque teme
o desconhecido, mas o pior é que, quando analisamos nossa atitude perante a
morte de alguém querido por nós, nossa atitude costuma ser a de um egoísta
também. Por que nós choramos a morte de alguém? Porque ele saiu da nossa vida.
Nós valorizamos a nossa dor pela separação dos corpos. Choramos porque
nosso ego reclama que não terá mais a companhia daquela pessoa. No fundo
estamos com pena de nós (nós choramos a nossa perda) e por ter apego
àquela pessoa e ela nos foi tirada. São duas atitudes egóicas.
Em vez de pensar que o falecido se libertou e agora vai estar melhor, focamos
na ausência dele em relação a nós e perguntamos “Por que ele me deixou?” Quem
se foi não precisa sofrer onde estiver. Na verdade a separação não existe, só
de corpos, mas as almas se encontram quando quiserem. Não adianta dar a
desculpa de que só aqueles que acreditam na reencarnação poderiam ficar
felizes. Até os católicos e de outras religiões admitem que o espírito é eterno e que ele permanecerá consciente e feliz em algum
lugar junto de Deus. Como costumamos chorar apenas a morte de pessoas boas, é
totalmente egoísta querer que elas ficassem vivas, conosco, se elas com certeza
vão estar melhores no além. Para quem acredita na reencarnação e na comunicação
entre vivos e mortos o egoísmo é maior ainda, pois já tem a certeza da
possibilidade de contato e de um reencontro algum dia.
O ego leva tudo para o lado pessoal,
confundindo opiniões e pontos de vista com fatos e cria interpretações
distorcidas.
Não reagir ao ego das outras pessoas,
que fazem questão de te criticar e ofender, é a melhor maneira de dissolver o
ego delas e ainda podemos fazer aflorar a sanidade, pelo choque que você causa
ao quebrar as expectativas normais da sociedade inconsciente. Não reagir também
se pode chamar de perdão. Quando identificamos o ego agindo dentro de alguém,
sem identificá-lo com a pessoa, temos a facilidade de adotar uma atitude de
não-reação.
Achar que já sabemos tudo e vivemos
todas as experiências necessárias é outra atitude egóica.
A gente nunca para de aprender e quem se declarou mestre sem ser ao mesmo tempo
aprendiz acabou de errar, isto é, deixou a mente analítica e limitada
falar.
A dor física é uma forma de aprendizado
bem dura. Ninguém gosta de sofrer, mas se você aceitar a dor talvez note uma
sutil diferença entre você e a dor. Isso significa que você passa a sofrer
conscientemente, aceitando. Desta forma você anula o ego, pois o ego é formado sobretudo por resistência e oposição. Quando seu Eu
Superior aceita o incômodo físico a função do ego, de acusar a presença e
combater a interferência que incomoda o corpo, deixa de ser necessária.
Se você viver como se aquilo que sente ou
experimenta fosse uma escolha exclusivamente sua (100% de responsabilidade),
conquista a liberdade e o fim do sofrimento. O sofrimento é necessário até um certo estágio de evolução. Sem ele o ser humano não teria
humildade e compaixão. O sofrimento rompe a casca do ego e promove uma abertura
até atingir a sua finalidade. O sofrimento só é necessário até que você se dê
conta de que ele é desnecessário.
O ego infeliz precisa do passado e do
futuro para se alimentar. Vivendo o momento presente a infelicidade acaba, pois
ele é a chave para a libertação. A infelicidade e os problemas não conseguem
sobreviver ao Agora. É impossível estar ao mesmo tempo consciente e criando
sofrimento para si mesmo. O combustível da consciência é o amor.
O diabo (= opositor) é o nosso ego. Nós
precisamos de oposição ou resistência para vencer as dificuldades da vida e
evoluir. Não existe diabo ou mal externo que nos
ataca, atrapalha a vida, nos tenta e prejudica. O mal está em nós, é o ego que
alimentamos, achando que o egoísmo trás a felicidade que tanto buscamos. O
diabo (interno ou externo) só precisa e deseja aquilo que ninguém quer dar a
ele: AMOR. Procure os defeitos em você (não fora de você) e nenhum fator
externo irá prejudicá-lo.
Pode-se imaginar que bastaria restringir
a atuação do ego à função de preservar o corpo físico, para que você não se
jogue do precipício ou entre no fogo por não ter noção do perigo, mas isso
também é um engano. O ego quer preservar o corpo físico, mas é desnecessário.
Se a alma ou o espírito assumem o comando o corpo físico nunca correrá perigo e
eles podem fazer isso com muito mais eficiência do que o ego. Outro engano é
achar que o ego é o combustível necessário para nosso progresso e evolução. O
combustível perfeito e insubstituível para todo o sempre é o Amor, afinal Deus
utiliza o ego ou o amor para realizar suas intenções no universo? A conclusão é
que o ego só tem utilidade enquanto o corpo físico não tiver consciência plena
de seu lado espiritual e por isso continuar preso no ciclo de reencarnações. O
ego é o causador dos conflitos internos que impedem a compreensão do Todo de se
implantar definitivamente em nossa mente. A mente terrena funciona dentro da
dualidade (sim ou não, é ou não é, certo ou errado) e por isso interpreta, julga
e condena tudo à sua volta, reforçando a sensação de separatismo e divisão. Ao
julgar surgem os conceitos de superioridade e inferioridade e os conflitos, que
ainda regem a nossa vida em sociedade. A comparação e a necessidade de ser
melhor do que os outros e ter sempre razão são atitudes comuns do ego, mas
quando ele alcança o que deseja não se satisfaz por muito tempo e vai querer
mais. A ganância e necessidade de ser ainda melhor não
conhece limites. Por isso ter o melhor carro ou o posto mais alto não o satisfazem. Logo precisa mostrar que pode mais. A
competitividade e a disputa o alimentam. A mente tem a vontade incessante de
querer mais. Quando você se identifica com a mente, fica facilmente entediado e
ansioso. O tédio demonstra que a mente deseja avidamente mais estímulo e que
essa fome não está sendo saciada. Há milhares de atividades que a tecnologia
põe à sua disposição, mas na verdade elas só distraem você temporariamente. O
tédio, a ansiedade, a raiva, a tristeza e o medo são energias condicionadas
dentro da mente e que você alimenta porque quer, mas eles não são seus, não
fazem parte da sua pessoa. Eles são estados da mente humana. Você sofre porque
se identifica com a mente pensante. Por isso o homem precisa aprender a
transcender o pensamento. Isso não significa não pensar mais, mas que
simplesmente não devemos mais nos identificar com o pensamento e ser dominados
por ele. Quando os homens entenderem e aceitarem o conceito de Unidade o
pensamento e o ego deixarão de ter utilidade. Julgar os outros é se condenar à
prisão do ego.
Saiba quem é o ego e como ele atua para
saber como anulá-lo. Ele se origina na infância e é incentivado pelos nossos
atos, pela sociedade, pelos sete pecados capitais (que lhe agradam) e só vai
crescendo. O ego quer o bem, a proteção e o prazer do corpo físico, mas ele
considera você o ser mais importante do mundo, o centro do universo. Quando ele
extrapola sua função qualquer outra pessoa que deseje o mesmo passa a ser uma
ameaça. O ego raciocina pela lógica, pela dualidade e para ele só existe o que
os cinco sentidos físicos captam. Por isso ele é movido pela comparação e
julgamento e vive se sentindo ameaçado. Para vencer o ego ou colocá-lo numa
posição neutra é preciso entender quem você é (um ser perfeito, imortal, autosuficiente, que já possui todos os poderes que deseja
alcançar) e praticar o Amor Incondicional, o maior poder do Universo. Amando a
tudo e a todos não há ameaça ao seu corpo físico. Ele te dá plena segurança e
você não precisa ficar eternamente na defensiva. Aí se alcança a harmonia.
A chave do segredo para controlar o ego
é saber que ele existe e quando e como ele age, para
poder monitorá-lo o tempo todo até que ele não se manifeste mais. No momento em
que você se torna consciente da existência do ego (o que a maioria da
humanidade nem imagina fazer, pois nega sua existência) e consegue
identificá-lo ao agir, a rigor ele não será mais ego, e sim um velho padrão
mental condicionado. A consciência mata o ego. Saber que o ego existe cria a
consciência de que ele deve ser separado do Eu.
Para tornar isso permanente é preciso ter consciência agora e manter-se no
agora, isto é, com a atenção só no momento presente.
Eu não preciso vencer o ego e nem
eliminá-lo. Devo entender que ele existe, mas não preciso de seus serviços.
Deixando de “alimentá-lo” (= obedecer aos seus impulsos) passo a viver em
plenitude. Ignorá-lo sem raiva ou preconceito é o caminho, desde que feito com
critério, e essa é uma tarefa a ser executada agora, neste momento.
Ignorar ou não dar importância ao ego não pode ser uma meta a ser alcançada no
futuro. Precisa ser algo a ser feito a partir deste momento, a cada momento,
pois o ego procura crescer e dominar as suas ações a cada instante, de forma
nítida ou com bastante sutileza, quase imperceptivelmente. Querer vencer o ego
seria uma atitude de disputa para ver quem é o melhor, o ego ou o seu Eu. Cuidado, pois aí você cai em outra
armadilha! Não pode haver conflito e combate, pois é isso que o ego adora:
disputas, dualidade. O ego disfarçado finge estar combatendo o ego. Não pode
haver vencedor. A batalha entre o bem e o mal jamais será vencida. A atitude
certa é a aceitação de que você está acima dos dois. É preciso perceber quando
o ego está agindo e quando não. Aí está a chave da libertação. Quem está no
comando? O comando real não usa o pensamento.
Se você considerar o ego um problema
pessoal seu, isso é mais uma vez o ego agindo. Ego não é um problema. Saiba
apenas identificar quando ele está agindo e você estará se afastando do seu controle.
Haverá um distanciamento entre ele lá e o Eu
aqui, tendo o controle sobre as suas ações.
Para me libertar de verdade eu preciso
perguntar: “Quem está se incomodando com tal coisa?” ou “Quem está criticando
aquela pessoa?” Resposta: “O ego”. Não vou dizer “meu ego”, pois ele não é meu.
É um ser que insiste em querer mandar no meu corpo físico ou cérebro, mas ele
não me pertence. Ele deve ser eliminado por falta de atenção. Portanto quem
critica e se incomoda com as supostas falhas alheias é o ego, e não a alma ou o
espírito, que são nossas inteligências superiores, são o nosso Eu.
Toda vez que esta tendência crítica ou magoada aflorar na sua mente faça esta
pergunta e separe o ego de você. Você não é este ser mesquinho. Isto ajudará
você a evoluir e se libertar da prisão da matéria. Quem se magoa, julga,
rejeita, deseja e tem medo? Quem sofre e
é infeliz? O ego! Se uma formiga me morde, quem se incomoda? Meu ego, guardião
do meu corpo. Por outro lado quem é que ama? O Eu, porque amor não tem oposto. O ódio é a falta de amor, mas não o
seu oposto. Tudo que vem do Pai não tem oposto.
Viver o tempo presente em sua plenitude
(com calma e plena atenção) é deixar a dúvida, o julgamento e o sofrimento de
lado. A melhor forma de anular o ego é não pensar. Quando você não
pensa, o seu Eu Superior assume o comando sem que as ações sejam determinadas
pelos pensamentos e consequentemente pelo ego. Dito
de outra forma: viver o momento presente e sem ego é a melhor forma de não
pensar e desta forma deixar o Eu Superior dirigir sua vida.
O ser espiritual que eu sou pode-se
chamar de Eu e ele inclui tudo,
inclusive o ego e o corpo físico. Acontece que não devo me identificar com o
ego porque ele é apenas um dos componentes do Eu, que atua de forma limitada dentro das possibilidades da mente,
que pertence ao corpo físico. O ego é o pior inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor
amigo do ego. O ego é produtivo. O Eu
é criativo. Tanto o corpo como a mente têm duração limitada, enquanto o Eu é eterno. Mas o corpo físico pode continuar
existindo sem o ego, que não é essencial. O passo seguinte na evolução é abrir
mão do corpo físico, que se manteve durante inúmeras encarnações / vidas
terrenas por causa do ego. Quando isso ocorrer o Eu continuará existindo, pois ele é um corpo espiritual. Por isso é
errado falar em “meu ego”, pois ele não é meu eternamente, e nem em “minha
vida”, pois não existe separação entre o Eu
e a vida. Eu sou a vida. A vida e Eu
somos um. Só o ego separa as coisas.
Jesus disse: “Se alguém quiser salvar a
sua vida (ego) perdê-la-á, mas quem perder a sua vida (ego) por causa de mim (Eu), este se salvará.”
O estado de não-ego deve ser alcançado
agora. Conseguir isso não pode ser uma meta a ser alcançada no futuro, pois
senão a mente começa a interferir no processo e criar expectativa (desejo) e
eventual frustração, além de contar com o fator “tempo”, que não existe. A
iluminação (consciência plena, sem ego, sem dualidade, sem desejos) só pode ser
alcançada no momento presente, com muito Amor. Então faça-o,
já!
Axel Herbsthofer